quarta-feira, 31 de julho de 2013

Reflexões sobre o currículo adaptado

Durante a semana de formação do Estado, nós professores, tivemos uma série de palestras sobre temas voltados para a educação. Sempre vi estas palestras nos meus longos 18 meses de atuação com professor como uma perda de tempo já que eram poucas as palestras que adquiriam um caráter mais prático. Entretanto, no dia 16 de Julho, conheci a fala da colega Helena, que possui uma imensa experiência com alunos de inclusão e venho compartilhar seus conhecimentos conosco nesse dia. Depois daquela tarde, foi impossível não parar por alguns instantes e ficar inquetado com a questão do currículo inclusivo e da grande mobilização escolar que este exige para que possa pensar em funcionar.

Discutir o tema "inclusão" é sempre delicado pois, entramos em diversas esferas - legais, emocionais, familiar, profissional, etc. - que via de regra devem interargir entre si. Todavia, nem smpre isso ocorre de forma hamoniosa. A inclusão como uma teoria educacional diz que todos os alunos com deficiência intelectual devem ser aceitos na escola. Porém, sabemos que nem sempre a escola possui capacidade técnica para absorver este contigente dicente com necssidades educativas diferenciadas. Obviamente, esta é uma discussão legal e possui muitos desdobramentos. 

A realidade atual das escolas apresenta uma demanda muitas vezes maior do que a capacidade humana e técnica da escola. Esta discussão vai muito além da acessibilidade e as modificações na estrura física do "prédio escola". Necessita-se de uma reformulação/atualização, em nível de teoria,  do quadro de professores que atuam ou que em algum momento irão atuar com estes alunos. Não existe uma receita mágica que o currículo adaptado aconteça, mas sim existe a percepção de que uma série de mudanças deve acontecer para que este projeto se torne no mínimo possível. devemos considerar que cada aluno com deficiência intelectual é um caso único e consequêntemente com características únicas - esse caráter ímpar do aluno D.I. abrange o seu ritmo de aprendizagem, a forma como ele aprende, o nível e a capacidade de se relacionar e realizar trocas com o meio, etc. - o que somado à imensa demanda de alunos coloca o quadro de professores em uma situação de trabalho no mínimo delicada. 

INCLUSÃO = PREPARO (TÉCNICO E ESTRUTURUAL)

Conforme mecionado anteriormente, a adaptação do currículo consiste em uma reformulação na forma com a escola/professores compreendem aquele aluno com características diferenciadas considerando primordialmente as capacidades daquele aluno. Neste momento surge um ponto de tensão entre o ensino dito "regular" ou "tradicional" onde os conteúdos têm um espaço considerável no planejamento das atividades letivas. 

Ao se trabalhar com alunos D.I. devemos levar em consideração que nem sempre este aluno terá a capacidade de acompanhar o ritmo dos seus colegas (ou o ritmo que o professor espera que os colegas tenham), o ponto de tensão ocorre quando não existe a "tradução" daquele ritmo para a necessidade do educando. 

Surgem então os "tradutores" profissionais normalmente enviados pelo Estado com a missão de auxiliar estes alunos com necessidades intelectuais. Este profissionais atendem os alunos em locais preparados para eles com toda sorte de materiais para apoio didático, as tão faladas    "salas de recurso" ou "multifuncionais". As salas de recurso são os destinos finais de várias caminhadas ao longo dos caminhos legais, filas, encaminhamentos, agendamentos e reagendamentos que acentuam as dificuldades já existentes no aluno além de demandar mais tempo fora de sala de aula e consequêntemente sem atendimento educacional. 

ALUNO D.I      (LÍNGUAS DIFERENTES)  ENSINO REGULAR

TRADUTOR

CURRÍCULO ADAPTADO

Logo, o currículo adaptado necessita além da reformulação teórica dos profissionais da educação - aqui eu me refiro aos profissionais de dentro da escola - de uma revisão total nos processos que envolvem a agilidade na identificação e tratamento destes alunos. A comunicação mais ágil entre Estado e Município bem como, o compartilhamento de recursos destinados para este público.

No que se refere à esfera emocional, lidamos (enquanto professores) com a família e a imensa bagagem de preocupações, angústias, esperanças que esta carrega em seu seio. Obviamente, este trabalho é muitíssimo delicado pois é necessário que fique claro que a vivência do aluno dentro do âmbito familiar tem reflete diretamente na sua vivência escolar. A escola preparada para o aluno D.I. pode de forma mais segura lidar com este cenário tão peculiar.

Retomo aqui a ideia de que o currículo adaptado deve harmonizar as angústias familiares com a capacitação teórico-prática dos professores ao mesmo tempo em que o Estado, enquanto governo, agilize todo o processo de atendimento tendo como único objetivo a formação do aluno como sendo um indivíduo com plenas capacidades de exercer uma vida em sociedade. Isto é, precisamos com a implementação do currículo adaptado, colocar o aluno em primeiro lugar tendo em mente que o agravante da defiência intelectual deve ser diagnosticado e tratado nos seus estágios iniciais. 

Em uma análise simples deste contexto o problema para implementação do currículo adaptado é uma imensa falha de comunicação entre as partes envolvidas no processo de adaptação do currículo a uma necessidade social. Outra comparação que pode ser feita é com a nova metodologia do Ensino Médio, o ensino Politécnico. De certo modo, o ensino politécnico é também uma adaptação das metodologias de ensino a uma necessidade social e sobretudo educacional. Contatamos que os lacunas da sociedade atual não estavam mais sendo preenchidas pelos profissionais oriundos do antigo modelo educacional vigente. O currículo adaptado é também uma adaptação nma educação para uma demanda social, jovens alunos com necessidade educacionais específicas. 

ENSINO POLITÉCNICO E CURRÍCULO ADAPTADO 
NECESSIDADE SOCIAL

Depois de realizada esta comparação é inevitável não se questionar do porquê um modelo foi implementado com certo grau de sucesso e porque o outro enfrenta tantas dificuldades?

Ao entrar neste debate com certeza iremos esbarrar nos já polêmicos assuntos "aprovação X reprovação". Entretanto, o aluno com necessidades educativas especiais não pode ser comparado com outros alunos ou mesmo colocado em um "molde" de rendimento anual. O próprio aluno com D.I. deve ser o seu parâmetro de crescimento. Ou seja, o trabalho de avaliação e consequentemente de reprovação ou aprovação do aluno em questão depende do olhar individual do professor para com este aluno. Deve-se considerar neste processo as habilidades básicas do aluno bem como, as habilidades que devem ser construídas ou desenvolvidas (lembrando que cada aluno com D.I é um caso ímpar) todavia, vale salientar que o currículo adaptado prevê uma série de critérios de acordo com a demanda. 

CURRÍCULO ADAPTADO = DEMANDA ESPECÍFICA

Por fim, a tarefa de adaptar o currículo a uma demanda iminente é quase que sinônmo de atritos dentro da escola. Rever ou rerformular o currículo escolar requer a abdicação de uma série de práticas enraizadas no cotidiano escolar e nem sempre isso é uma tarefa fácil. Gosto de pensar a escola como sendo uma máquina onde todas as peças - representadas pelos diferentes setores da escola - devem estar perfeitamente lubrificadas e harmonizadas para que o funcionamento seja positivo. O curriculo adaptado trata-se de uma série de ajustes que devem ser feitos na máquina, contudo, é um processo árduo.